Hiperidose

Quando nosso corpo por alguma razão aquece, o que pode ser por uma atividade física, por exemplo, nossas glândulas sudoríparas produzem o suor.

Isso também ocorre quando somos submetidos á uma situação de estresse. É uma maneira que o corpo tem de se refrigerar, e manter a temperatura do nosso corpo em equilíbrio. Algumas pessoas por razões ainda desconhecidas passam a suar excessivamente, além das necessidades fisiológicas do corpo. Esse suor excessivo e incontrolável é uma doença chamada de Hiperidrose.

Por termos muito mais glândulas sudoríparas nas palmas das mãos, axilas e pés, essas são as localizações mais frequentes da doença, a qual pode também se localizar no crânio e no rosto. Esse suor é tão excessivo que gera um grande sofrimento na vida de quem possui a doença. Há pessoas que desenvolvem fobia social, e acabam evitando até o contato pessoal. Os relatos das pessoas com hiperidrose são comoventes!

Muitas pessoas apresentam os sintomas e às vezes nem sabem que é uma doença. Hoje 3 em cada 100 pessoas no mundo são diagnosticadas com hiperidrose. No nosso país são mais de 6 milhões de pessoas. Tanto homens quanto mulheres podem ter hiperidrose, e a doença pode aparecer logo na infância e tende a piorar com o passar dos anos. Pessoas obesas tendem a suar mais ainda que pacientes não obesos com a hiperidrose.

Se você está se enquadrando nos sintomas, calma! A hiperidrose tem tratamento e pode ser controlada e curada!

Quando o paciente percebe os sintomas deve procurar logo um especialista, que vai avaliar se ele tem ou não hiperidrose através dos sintomas clínicos. Atualmente, tem-se usado também um equipamento que mede o grau de sudorese nas diferentes partes do corpo chamado Vapometer. Uma vez diagnosticado é hora de seguir para o tratamento.

Em vez de buscar um tratamento milagroso capaz de resolver todos os problemas, o paciente deve procurar medicações ou técnicas que diminuam o seu sofrimento. Hoje, o tratamento é inicialmente clínico e envolve o uso de um medicamento anticolinérgico chamado cloridrato de oxibutinina.

Esse tratamento foi introduzido no Brasil pela nossa equipe em 2007, e funciona em 70% dos casos oferecendo boa melhora dos sintomas. Para os 30 % dos casos em que o tratamento com o medicamento não funciona, o jeito é partir para a cirurgia, a qual geralmente resolve o problema dos pacientes em 95% dos casos.

A simpatectomia é a cirurgia realizada para o tratamento da hiperidrose. Ela é bem antiga. Foi utilizada pela primeira vez na década de 1920, isto é, já tem quase 100 anos. O problema é que a cirurgia pode levar a um outro problema, a hiperidrose compensatória, desenvolvimento de excesso de transpiração em áreas que antes da cirurgia não exibiam sudorese excessiva, e então o paciente entra para a cirurgia para resolver um problema e pode sair com outro. Mas as técnicas cirúrgicas têm evoluído, e as duas novidades são o uso de videotorascopia com pequenos cortes no tórax e a realização do procedimento escalonado, isto é, primeiro um lado e depois o outro. Com isto, o risco de hiperidrose compensatória diminui.

Como vimos, apesar de parecer uma doença simples, os efeitos colaterais dos tratamentos podem gerar outros problemas na vida dos pacientes. Uma vez que o paciente procura o médico no intuito de melhorar sua condição, o paciente precisa estar ciente de que pode sofrer outros danos, e o médico precisa ter amplo conhecimento dessa doença para tentar evitar novos transtornos. Tratar com um especialista é fundamental!

Há 20 anos, nossa equipe tem estudado e tratado milhares de pacientes com hiperidrose. Após publicarmos os resultados de mais de 50 pesquisas em revistas internacionais temos adotado primeiramente o tratamento clínico, que é realizado com o uso da oxibutilina. A maioria dos pacientes experimenta um bom resultado e passa a utilizar esta medicação rotineiramente. Quando não funciona adequadamente a cirurgia é indicada.